Por André Luiz Santos Costa
De acordo com o Diagnóstico mais recente do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS, 2019), em 2019 o Brasil produziu cerca de 1 kg de resíduos sólidos por habitante a cada dia. Desse valor, tem-se que cerca de 50% seja de resíduos orgânicos, ou seja, um brasileiro joga fora 0,5 kg de alimento por dia e 28% de recicláveis secos (MMA, 2019). Dessa forma, cada brasileiro descarta uma média diária de 0,780 kg de resíduos que poderiam não ser lixo e sim recursos para diversos fins, como alimentação, compostagem, reaproveitamento, ou reciclagem. Para modificar esse cenário, é necessária a aplicação das práticas de “lixo zero”.
O termo “lixo zero” diz respeito às práticas de manutenção e preservação de recursos naturais através dos processos de produção e consumo, sem geração de nenhum tipo de resíduo que possa prejudicar o meio ambiente (ZWIA, 2021). O termo é também movimento,e tem como finalidade conservar e recuperar os recursos perdidos e/ ou desperdiçados por conta do uso indevido dos mesmos. É inviável esperar um total de 0% de geração de lixo na sociedade em que vivemos, mas através de algumas práticas é possível fazer uma diminuição considerável, até níveis onde o lixo não impacte tanto quanto impacta atualmente.
Por representar metade do resíduo sólido da população brasileira, não tem como falar sobre lixo zero sem falar sobre o alimento. Se gera muito resíduo proveniente da alimentação por diversos motivos como embalagens, muitas vezes desnecessárias, que envolvem os alimentos com intuito de os proteger ou os deixar mais atrativos. Em algumas situações esses materiais usados são recicláveis, inclusive com indicações e orientações sobre a reutilização, mas, a gestão falha de resíduos faz com que se estes se juntem a todo o lixo como um só e não sejam devidamente reaproveitados (MMA, 2019). Além da possibilidade de procura por empresas que incluam embalagens biodegradáveis, há uma forma de eliminá-las por inteiro através de compras a granel, onde é possível adquirir um produto e apenas ele, na quantidade desejada, inclusive com possibilidades de uso de recipientes próprios.
A compra de produtos a granel também elimina o desperdício de alimentos por excesso, uma vez que não se precisa comprar uma quantidade determinada de cada produto, fazendo obtenção apenas do necessário para cada pessoa ou grupo. Contudo, o desperdício não se dá apenas por excesso de um alimento, mas também por desconhecimento sobre as possibilidades de consumo para com o alimento como um todo. Dessa maneira, além de adquirir apenas o suficiente para o consumo periódico, é importante realizar o uso integral do alimento que se compra, diminuindo gastos monetários com a aquisição, e ambientais com produção, transporte e manutenção (SESC, 2003).
Ao finalizar o consumo, é fundamental avaliar o que e onde cada resíduo deve ser descartado. Materiais recicláveis devem ser descartados separadamente e encaminhados cada um para seu lugar de reaproveitamento. Já os materiais orgânicos, após aproveitamento máximo do alimento, devem ser compostados, de forma a devolver os nutrientes retirados para o solo e não contribuírem para a lotação de aterros sanitários. Em casos de impossibilidade de compostagem caseira, o resíduo orgânico deve ser encaminhado para empresas ou grupos de compostagem para que se faça esse aproveitamento.
Resumidamente, o Instituto Lixo Zero Brasil (2021) concentra as práticas de lixo zero em 4 “R’s”: repensar; reutilizar; reduzir; e reciclar.
Referências:
- ILZB – Instituto Lixo Zero Brasil. Instituto Lixo Zero Brasil. Disponível em: https://ilzb.org/conceito-lixo-zero/. Acesso em: 7 jun de 2021.
- MMA – Ministério do Meio Ambiente. Agenda Nacional de Qualidade Ambiental Urbana : Programa Nacional Lixão Zero.Ministério do Meio Ambiente, Brasília, DF: MMA, 2019.]
- SESC – Serviço Social do Comércio. Banco de Alimentos e Colheita Urbana: Aproveitamento Integral dos Alimentos. Rio de Janeiro: SESC/DN, 2003. 45 p.
- SNIS – Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento. Diagnóstico do Manejo de Resíduos Sólidos Urbanos – 2019. Brasília: SNS/MDR, 2020. 244 p.
- ZWIA – Zero Waste International Alliance. Zero Waste Definition . Disponível em: https://zwia.org/zero-waste-definition/. Acesso em: 7 jun de 2021.