Por Raquel L. R. do Nascimento

As plantas alimentícias não convencionais (PANC) são aquelas que normalmente não são consumidas, mas que podem ser implementadas na nossa alimentação. Elas são desde plantas nativas até plantas exóticas e silvestres (KINUPP; LORENZI, 2014). O termo PANC foi criado em 2008 pelo biólogo Valdely Ferreira Kinupp e se popularizou em 2014 após o lançamento de um livro que foi fruto de dez anos de pesquisa sobre o assunto (CATARSE, 2010). A obra, feita por Valdely Kinupp e Harri Lorenzi apresenta 351 exemplares de PANC mas estima-se que existam cerca de 10 mil espécies de plantas que podem ser consumidas no Brasil.

PANC podem ser espécies que não necessitam de grandes cuidados e por isso podem ser encontradas facilmente em hortas comunitárias e jardins. Muitas vezes são confundidas com ervas daninhas, uma vez que algumas apresentam desenvolvimento espontâneo e podem brotar inclusive em calçadas. Por serem locais, essas plantas tendem a ser mais resistentes, dispensando o uso de agrotóxicos (NDMAIS, 2019). Porém, as pessoas devem ficar atentas para a poluição do local, sendo mais seguro adquirir uma muda em um local apropriado. Elas não são plantas encontradas em mercados convencionais e geralmente são vendidas em feiras orgânicas ou no Ceasa das cidades.

Dois exemplos de PANC bastante difundidas são Pereskia aculeata e Stachys byzantina, conhecidas respectivamente por Ora-pro-Nóbis e Peixinho. Ora-pro-Nóbis é uma planta com valor nutricional relevante, tendo de 28 a 32% de proteína na matéria seca. Também contém minerais como potássio, magnésio, zinco e principalmente cálcio e ferro, além de fibras e substâncias mucilaginosas que trazem benefícios à saúde. As folhas e brotos podem ser consumidos crus ou cozidos junto com outros tipos de carne. Já a planta peixinho tem esse nome por ter o sabor semelhante a um peixe, devido a quantidade expressiva de óleo vegetal em sua composição [EMBRAPA, 2017]. Ela também possui muitos minerais e fibras e geralmente é consumida na sua forma empanada. PANC também podem ser usadas na produção de drinks, como é o caso da flor da Clitoria ternatea, que confere um aspecto azulado à bebida. 

As plantas alimentícias não convencionais são ótimas opções para o dia-a-dia, uma vez que são nutritivas, sustentáveis, baratas e de fácil acesso e cultivo. Conhecer mais essas plantas e tentar adequá-las à nossa alimentação é uma maneira de estarmos contribuindo com o meio ambiente e também com a nossa saúde. É essencial que, antes de experimentarmos as PANC que já são conhecidas, primeiro observemos as plantas que estão disponíveis ao nosso redor, de modo que elas não virem somente uma ferramenta de lucro, o que faria com que elas deixassem de ser acessíveis, baratas e consequentemente sustentáveis. 

Referências Bibliográficas

  • KINUPP, VALDELY FERREIRA; LORENZI, HARRI. Plantas Alimentícias Não-Convencionais (PANC) no Brasil: guia de identificação, aspectos nutricionais e receitas ilustradas. Nova Odessa: Ed. Plantarum, 768p. 2014. 
  • CATARSE. Projeto PANCs: soberania alimentar e biodiversidade palpável. Disponível em:https://coletivocatarse.blogspot.com/2010/04/projeto-pancs-soberania-alimentar-e.html. Acesso em: 3 nov. 2021.
  • NDMAIS. As PANCs saíram do anonimato para a alta gastronomia e o prato do brasileiro. Disponível em: https://ndmais.com.br/saude/as-pancs-sairam-do-anonimato-para-a-alta-gastronomia-e-o-prato-do-brasileiro/. Acesso em: 3 nov. 2021.
  • EMBRAPA. HORTALIÇAS não convencionais. Hortaliças tradicionais: ora-pro-nóbis.. Disponível em: https://www.embrapa.br/hortalicas/busca-de-publicacoes/-/publicacao/1071168/hortalicas-nao-convencionais-hortalicas-tradicionais-ora-pro-nobis. Acesso em: 3 nov. 2021.
  • EMBRAPA. HORTALIÇAS não convencionais. Hortaliças tradicionais: peixinho.. Disponível em: https://www.embrapa.br/hortalicas/busca-de-publicacoes/-/publicacao/1071184/hortalicas-nao-convencionais-hortalicas-tradicionais-peixinho. Acesso em: 3 nov. 2021.