Por Raquel Lima R. do Nascimento
Os organismos geneticamente modificados (OGMs) são aqueles que tiveram o seu material genético (DNA ou RNA) alterado para favorecer a expressão de alguma característica ou para gerar algum produto específico. A alteração no material genético é feita a partir de técnicas da engenharia genética. Uma dessas técnicas é chamada de DNA recombinante, que se tornou possível depois da descoberta de enzimas chamadas ‘’endonucleases de restrição’’. Essas enzimas permitem o corte da molécula de DNA em pontos específicos e com isso o cientista consegue manipular o material genético.
Em 1972, Paul Berg criou o primeiro RNA recombinante, ligando duas cadeias genéticas diferentes: de vírus bacteriófago e bactéria Escherichia coli. Em 1973, Boyer e Cohen desenvolveram o primeiro OGM: Escherichia coli. Em 1974, Rudolf Jaenisch desenvolveu o primeiro camundongo transgênico. Em 1977, a primeira proteína é produzida em Escherichia Coli transgênica: A Somatostatina. Em 1978, houve o desenvolvimento da insulina humana recombinante e em 1983, plantas geneticamente modificadas resistentes a insetos, vírus e bactérias foram testadas em campo pela primeira vez. Desde então, a técnica vem sendo muito utilizada para diversas finalidades no campo da agricultura, saúde e entre outros.
No campo da agricultura, os OGMs podem proporcionar plantas de interesse econômico, dando a elas características como resistência a pragas, herbicidas e a fatores ambientais. Também é possível aumentar as características nutricionais de alguns alimentos e aumentar a produção de metabólitos secundários já produzidos pelas plantas, que são muito utilizados por nós, como os flavonoides. No campo da saúde pode-se citar a produção do hormônio insulina. Antes do surgimento da técnica do DNA recombinante, a insulina era produzida através do pâncreas de bovinos e suínos, ocasionando a morte de muitos animais; hoje é possível através de microorganismos geneticamente modificados. Também é importante para a produção de vacinas (como a de Oxford/AstraZeneca para Covid-19), terapias genéticas, modificação genética de mosquitos para a prevenção de doenças, criação de modelos animais para o estudo de doenças genéticas e etc.
Agora falando sobre transgênicos, eles são aqueles que receberam em seu genoma parte do genoma de uma outra espécie, ou seja, é inserido uma parte do material genético de uma espécie doadora, em uma espécie receptora, com o objetivo de produzir uma característica específica. É importante ressaltar que existem diferenças entre OGMs e transgênicos: Um OGM é submetido a técnicas que modificam o seu genoma, enquanto o transgênico é submetido a técnicas que inserem um trecho de DNA/RNA de uma outra espécie. Assim, pode-se dizer que o transgênico é um tipo de OGM, mas nem todo OGM é um transgênico.
Soja, milho e algodão são alguns dos transgênicos mais consumidos no Brasil. Eles dão origem a produtos que são facilmente identificados por nós nas prateleiras dos supermercados, porque estão sinalizados com um ‘’T’’ em amarelo para ressaltar a modificação. Há muitas controvérsias sobre o perigo dos alimentos transgênicos para a saúde e, uma das questões discutidas sobre o assunto é a possibilidade desses alimentos geneticamente modificados causarem alergia nas pessoas a longo prazo. O fato dos transgênicos serem mais resistentes a pragas, também coloca em questão o risco do surgimento de ervas daninhas e herbívoros resistentes. Essa resistência levaria ao uso de mais agrotóxicos e isso seria prejudicial para a saúde, pois estaríamos consumindo alimentos expostos a muitos produtos tóxicos à saúde. Embora existam essas controvérsias, ainda não há, de fato, estudos que comprovem cientificamente essa hipótese.
No Brasil, o órgão responsável pela avaliação de cada OGM é a CTNBio (Comissão Técnica Nacional de Biossegurança). Recentemente houve uma polêmica sobre a importação de trigo transgênico e a CTNBio iria decidir, dia 10 de junho de 2021, se haveria ou não a liberação da importação desse trigo, mas acabou sendo adiado para agosto. O problema gira em torno da resistência desse trigo modificado a um agrotóxico chamado glufosinato de amônio, que é considerado tóxico. É preciso ter cuidado para que não se ultrapasse o limite do aceitável. Na sua opinião, a ética, neste caso, estaria sendo ultrapassada? Vamos refletir.
Referências:
- http://www.cienciaexplica.com.br/2020/11/16/organismos-geneticamente-modificados-e-suas-aplicacoes-no-mundo-moderno/
- http://croplifebrasil.org/noticias/descubra-a-importancia-dos-organismos-geneticamente-modificados/
- https://www.syngenta.com.br/alimentos-transgenicos-fazem-mal-saude
- http://www.cgm.icb.ufmg.br/oquesao.php
- https://idec.org.br/consultas/dicas-e-direitos/saiba-o-que-sao-os-alimentos-transgenicos-e-quais-os-seus-riscos
- http://croplifebrasil.org/publicacoes/produtos-transgenicos-aprovados-no-brasil-pela-ctnbio/
- https://g1.globo.com/economia/agronegocios/noticia/2021/06/10/organizacoes-denunciam-falta-de-transparencia-em-decisao-sobre-importacao-de-trigo-transgenico.ghtml