Por Gabriela Vidori

Você certamente já ouviu a expressão “comida porcaria” em algum momento da sua vida, seja mais novo, quando orientado a não consumir tantos biscoitos, ou mais velho, a não trocar refeições por lanches. Consumir arroz e feijão claramente é mais benéfico a nossa saúde do que de um macarrão instantâneo, porém nem todos possuem o privilégio de ter uma comida pronta e de qualidade. Infelizmente, vivemos uma época em que um prato de comida quente é sim um privilégio, indo contra o artigo 6° da Constituição Federal que assegura alimentação como um direito social.

Em meio à essa situação, a pandemia da Covid-19 intensificou tal cenário: famílias estão sendo obrigadas a se alimentar de maneira precária, não apenas por conta do desemprego que atingiu taxas recordes em 2021, mas também pela alta no preço dos alimentos que traz ainda mais dificuldades na compra dos produtos. Vale ressaltar, também, o desenfreado aumento do preço do gás de cozinha e energia elétrica, fatores a serem considerados ao preparar uma refeição. Poderíamos citar também outros empecilhos para uma boa alimentação como a falta de tempo e conhecimento para preparação de uma refeição saudável, porém nos limitaremos a observar as questões fortemente influenciadas pela má gestão governamental durante a crise sanitária que estamos vivendo.

Perante todas essas constatações, nota-se a crescente dificuldade em manter uma alimentação saudável, sendo muitas vezes substituída por refeições precárias e rápidas. Seja aquele que precisa se alimentar rapidamente no horário do almoço, ou quem não consegue pagar pelo quilo do feijão, acabando por optar por produtos ultraprocessados. Além disso, a expansão da indústria dos ultraprocessados e as campanhas maciças do marketing voltado para a “praticidade e rapidez” está colaborando para o aumento do consumo desses alimentos. O ideal seria que o custo da comida encorajasse o consumo de alimentos saudáveis, in natura e/ou minimamente processados, mas o que acontece atualmente é justamente o contrário, o fator motivador nas campanhas de marketing estão voltadas para o consumo de alimentos não-saudáveis ultraprocessados, uma vez que esses estão se tornando os mais baratos no mercado.

Lamentavelmente, pratos congelados de péssima qualidade, molhos prontos e uma série de produtos industrializados têm se tornado mais acessíveis ao consumidor do que alimentos in natura, fazendo com que a cozinha se transforme numa grande abertura de pacotes.

Referências: