Por Emilli Souza

As feiras orgânicas e agroecológicas são alternativas sustentáveis aos modelos de consumo hegemônicos contemporâneos. As grandes indústrias ainda possuem o monopólio na cadeia de produção e distribuição de alimentos, porém nota-se um crescimento na adesão do consumo de produtos menos contaminados e sem domínio do monopólio mercadológico.

A agricultura familiar é uma prática bem antiga, porém por muito tempo foi utilizada somente como meio de subsistência. Atualmente é fonte de renda de inúmeras famílias e comunidades.

Um dos grandes problemas que afetam visivelmente a adesão ao consumo de produtos orgânicos e agroecológicos é o estigma de que esses produtos são caros e inacessíveis. Entretanto, um levantamento feito em 2016 em diversos comércios do Brasil comprovou que as cestas de produtos orgânicos advindas de pequenos produtores e feiras são, em média, 50% mais baratas que as feitas em supermercados. Portanto, é comprovado que produtos de agricultura familiar são acessíveis e até mais baratos. Outra pesquisa, feita em 2012 pelo IDEC, mostrou que alguns produtos custavam até 430% mais caro nos mercados convencionais, em relação às feiras especializadas.

A partir da difusão destas informações de maneira eficaz, pôde-se notar uma mudança no padrão de consumo do brasileiro. Mesmo que a curtos passos, é possível notar uma maior preocupação com a utilização dos recursos naturais – não somente na área de alimentos e bebidas – e atenção aos processos produtivos, valorizando mais os pequenos produtores e o menor processamento de produtos.

Para viabilizar ainda mais estas mudanças, em 2017 o IDEC lançou uma nova versão do Mapa das Feiras Orgânicas – que teve sua primeira versão lançada em 2012 – que basicamente é uma plataforma que aproxima ainda mais produtores e consumidores de alimentos agroecológicos. A internet é uma aliada neste quesito, pois com ela é possível que os consumidores tenham acesso a produtores próximos, viabilizando e estreitando a relação entre os mesmos.

Além do contato, a plataforma possibilita que os usuários tenham acesso a receitas que podem ser feitas com os produtos adquiridos e também, a uma biblioteca com um vasto conteúdo sobre agroecologia, consumo sustentável, produção orgânica e alimentação saudável.

Em tempos de pandemia, a iniciativa do Mapa das Feiras Orgânicas se tornou ainda mais importante, pois com as recomendações de isolamento e distanciamento social, ter uma opção para continuar (ou iniciar) com o consumo de alimentos orgânicos é imprescindível, viabilizando o fortalecimento dos três pilares da sustentabilidade: ambiental, econômico e social. Além de estar contribuindo para a manutenção de um ambiente sustentável com o consumo consciente, ainda auxilia famílias que vivem desta produção, fazendo assim a economia continuar girando sem ignorar os indivíduos que estão na base desta pirâmide social.

 Caso você não conheça a iniciativa, ela está disponível neste link: https://feirasorganicas.org.

REFERÊNCIAS

ALTIERI, Miguel. Agroecologia: A dinâmica produtiva da agricultura sustentável. 3 ed. Porto Alegre. Ed. UFRGS. 2004. 110 p.

ALTIERI, Miguel. Agroecologia: As bases científicas da agricultura alternativa. 1 ed. Rio de Janeiro: PTA/FASE, 1989. 237 p.

IDEC. Feiras Orgânicas, c2021. Encontre comida de verdade durante a pandemia. Disponível em <https://feirasorganicas.org.br/>. Acesso em 9 de jun.de 2021.

MAPA de feiras orgânicas: nova versão traz receitas e mais conteúdo. IDEC, São Paulo, 2017. Disponível em: <https://idec.org.br/noticia/mapa-de-feiras-organicas-nova-versao-traz-receitas-e-mais-conteudo>. Acesso em 9 de jun. de 2021.

ROSALEN, Karina. Agroecologia: o conceito de uma nova agricultura. Ifope, Belo Horizonte, 13 de maio de 2020. Disponível em: <https://blog.ifope.com.br/agroecologia-2/>. Acesso em 20 de abr. de 2021.