A relação dos produtores da AFOJO com a UFRJ teve início em 2009 quando um grupo de técnicos e professores da instituição discutia a possibilidade de incluir alimentos orgânicos e agroecológicos provenientes da agricultura familiar nas refeições fornecidas pelo Restaurante Universitário (RU). Por questões burocráticas e pela dificuldade dos produtores em fornecer a quantidade necessária para atender ao RU, o projeto não foi adiante. No entanto, a mobilização realizada junto aos produtores resultou em uma ideia alternativa. A Feira Agroecológica da UFRJ teve início em 2010 com o objetivo de oferecer alimentos de qualidade para a comunidade universitária e mobilizou inicialmente agricultores de seis municípios do estado. Atualmente, mobiliza seis famílias dos municípios de Magé e Guapimirim que semanalmente vendem seus produtos em quatro pontos de venda na Universidade.

A participação da AFOJO na Feira Agroecológica da UFRJ, além de aumentar sensivelmente a renda das famílias, trouxe benefícios no âmbito social e cultural, através do intercâmbio de conhecimentos e a participação em práticas e vivências ligadas à agroecologia e pesquisas de extensão. Porém algumas dificuldades estruturais, como a logística de transporte, a dificuldade de engajar os jovens na produção e no trabalho na Associação, estão entre os principais problemas enfrentados pelos agricultores e que ameaçam a continuidade das atividades.

É nesse contexto que ocorreu a participação do curso de Gastronomia da UFRJ no projeto “Alimentos bons, limpos e justos:
ampliação e qualificação da participação da agricultura familiar brasileira no movimento Slow Food”, por meio do envolvimento do professor Ivan Bursztyn e do bolsista Leonardo Martins. Dentre as atividades realizadas no âmbito do projeto, fizemos uma visita técnica para conhecer de perto os produtores da AFOJO e levantarmos informações sobre seu percurso. A atividade foi organizada pelos autores deste capítulo e contou com a presença de professores e estudantes do curso de Gastronomia da UFRJ, além de duas integrantes do Slow Food Niterói. O grupo se encontrou pela manhã no campus da Ilha do Fundão da UFRJ e seguiu de van até o município de Guapimirim, região do Fojo, onde fomos recebidos pela família do casal Domingos e Oreni, proprietários do Sítio do Café. Após um lanche farto preparado com produtos locais, demos início à visita que percorreu três sítios de membros da Associação e, durante o percurso, conversamos sobre as dinâmicas de produção do grupo, as práticas ligadas à agroecologia, as dificuldades e desafios de se produzir e comercializar produtos orgânicos, a questão da sucessão rural e outras temáticas paralelas. Em seguida, nos dirigimos à sede da AFOJO, onde nos esperavam outros membros da Associação para uma roda de conversas e aplicação do diagnóstico FOFA. O diagnóstico foi conduzido de forma semiestruturada, a partir do levantamento de temáticas norteadoras, como “cultivo/ produção/ processamento”, “organização”, “comercialização”, “relações institucionais” e “aspectos culturais”.

A atividade tinha como objetivo aprofundar o diagnóstico inicial realizado pelo bolsista do projeto em contato com a comunidade, focando nas temáticas da organização do grupo e comercialização dos produtos, a partir da aplicação de uma matriz FOFA e entrevista não estruturada. A visita também visava aproximar a comunidade da rede do Movimento Slow Food, trocando informações sobre o funcionamento do Movimento e estreitando as ligações com os grupos locais.