Com a suspensão das atividades na UFRJ, em março de 2020, por conta da pandemia, as atividades da Feira Agroecológica também foram interrompidas. A princípio, não se sabia por quanto tempo as atividades na universidade ficariam suspensas, porém, após algumas semanas, percebeu-se que demoraria bastante até que tudo se normalizasse. Dada a importância da Feira Agroecológica na vida dos produtores, o momento foi de apreensão e incerteza, pois a partir desse instante sua maior fonte de renda havia sido interrompida.
Frente ao problema de suspensão da Feira e, consequentemente, um maior gargalo no escoamento da produção, a coordenação da Feira decidiu avaliar a possibilidade de pôr em prática uma vontade antiga: criar um sistema de entrega de cestas agroecológicas aos moradores de condomínios, vinculando-o ao já existente Projeto de Extensão da Feira Agroecológica da UFRJ. A proposta era de associar uma família de agricultores para cada condomínio de modo que houvesse o estímulo a uma relação não apenas comercial, mas também de confiança entre os envolvidos.
No que tange o sistema de organização do projeto é fundamental a figura do mediador local, pessoa que faz a conexão entre os produtores e consumidores. Buscamos em cada condomínio parceiro, um morador que se disponha a fazer essa mediação. Quando não encontramos um voluntário o papel do mediador é exercido por um dos extensionistas do projeto Convivium.
Outro elemento central na condução do projeto é o grupo de WhatsApp formado para facilitar a comunicação do mediador local com os demais moradores do prédio interessados em adquirir as cestas. O grupo é formado a partir do mapeamento de moradores interessados em integrá-lo. Além da mobilização inicial e da divulgação por meio do boca a boca, muitos participantes demonstraram interesse em entrar no grupo após presenciarem as entregas das cestas, que ocorrem em uma área comum do condomínio.
Antes de começarem a participar do grupo de fato, é feito um cadastro com esses novos consumidores, além do envio de material explicativo sobre o projeto que consiste: em vídeos apresentando os agricultores e um documento apresentando como funciona o sistema de pedidos e entrega e o objetivo do projeto.
Interessante ressaltar, que preocupados com a questão do uso de sacolas plásticas descartáveis, na primeira compra é cobrada uma taxa de R$ 7,00 referente a disponibilização de uma sacola retornável. Assim, nas próximas retiradas, o morador deve devolver a sacola vazia para receber uma cheia com os produtos que pediu.
As entregas são realizadas às quintas feiras a cada duas semanas mediante o pedido antecipado dos moradores. Nosso fluxo operacional é dividido em seis etapas e se inicia no fim de semana que antecede a entrega:
- O produtor avalia a disponibilidade de produtos na roça e junto a sua rede de agricultores parceiros;
- Produtor e mediador local atualizam a lista de produtos disponíveis na barraca virtual;
- Mediador disponibiliza o link da barraca virtual nos grupos de whatsapp para os consumidores fazerem pedidos;
- Produtor recebe a lista de pedidos consolidada pelo mediador e monta as cestas de cada morador;
- Produtor leva as cestas até o condomínio;
- Consumidor pega sua cesta e realiza o pagamento diretamente ao produtor (em dinheiro, cartão de crédito, depósito ou PIX).
O projeto do serviço das cestas agroecológicas em condomínios foi concebido para ser um Circuito Curto de Comercialização, havendo apenas o mediador local do projeto fazendo a comunicação junto ao agricultor. Dentre os pontos fortes em relação à gestão do projeto, pode-se destacar a consolidação da rotina de pedidos, montagem da lista e entregas que são feitas com regularidade e diversidade de produtos, além do fortalecimento do relacionamento entre o agricultor e sua rede de fornecedores.
Além dos pedidos, o grupo de WhatsApp serve como ferramenta virtual de aproximação entre produtores e consumidores. Isso ocorre através de postagens no grupo de fotos e vídeos da família do agricultor e ele, plantando, colhendo, montando as cestas e mostrando um pouco como é o trabalho na roça.